
Quem é você que cruza as esquinas todos os dias em busca de sustento;
Que passa pelas calçadas com a ânsia de um vulcão;
Que olha para o chão, como se olhasses para um abismo;
Que fita o olhar no horizonte a frente, surpreso como quem vê algo diferente a cada instante?
Quem é você que se senta a beira do caminho esperando por um pouco de atenção;
Que estende as mãos como um gesto de ajuda;
Que dos olhos faz emergir desilusões indescritíveis;
Que sorri como quem está feliz, e suspira como quem se perdeu nas trilhas rumo ao almejado sucesso?
Quem é você que se faz vencedor a cada passo em torno de seu egoísmo;
Que grita como quem desabafa uma grande dor ou uma enorme alegria;
Que passa as mãos pelos cabelos indicando um sinal visível de cansaço;
Que se olha no espelho e não vês que necessitas de você mesmo?
Quem é você que com passos largos pela rua, almejas a pontualidade;
Que olhas pro relógio como se olhasses para seu pior inimigo;
Que se angustia em certas situações que lhe pedem paciência;
Que não se aquietas por nenhum momento como se tivesses medo de sua própria identidade?
Quem é você que se ocupa de coisas fúteis durante todo o dia;
Que busca afazeres que lhe são inúteis, como uma indicativa de preencher o vazio que te incomoda;
Que se vê cada dia mais desconhecido em sua própria vida;
Que se aquietas um momento ou outro e já se sentes cansado do que não fez?
Quem é você?
Por que tanta indiferença com você mesmo?
Acaso pensas que resolverás o problema de todo o mundo?
Quem é você que me olhas com piedade;
Quem é você que tanto insiste em ser eu?